Havia uma criança na poltrona 07. O seu rosto estava grudado na janela, de tão perto que estava podia-se ver a sua respiração embaçando o vidro. A paisagem o deslumbrava de um jeito, que me fez refletir se algum dia eu olhei para uma montanha do modo certo. Seus olhos eram duas caixinhas onde a paisagem guardava toda sua beleza. Seus cabelos brancos me disseram que o tempo com o qual você se encantava com as cores que uma bolha de sabão formava, não é passageiro. Desse tic tac você tem controle e o compasso pode ser marcado pela sua pulsação, já que é esta, o verdadeiro relógio da sua vida.
15 comentários:
Nosso relógio da vida, que metáfora mais bonita, eu adoro aqui e as coisas que vc escreve*
selinho pra ti
2beijos;*
O relógio da vida não pára né, por isso devemos aproveitar cada minuto que o ponteiro marca =)
Lindo texto...
Bjs...
Belo texto. Gostei da leveza. Bjs.
Selo pra você no meu blog =)
Bjs...
Estou maravailhada com teu cantinho!@ Parabéns!
ah que belo... um sonho lindo! mágico!
beijos, flor.
eu vou tentar olhar tudo do modo certo. ;)
um beijo
belo post.
bom fim de semana.
bj
Me lembrou um pouco a Cecília Meireles, com essa coisa da efemeridade... Além da abundante doçura de sempre!
Beijos, Roberta :*
Saudade das suas postagens
:*
Estou seguindo.
Abraço meu.
adorei! é fantástico como consegui ver o que escreveste como se fosse um filme...muito bom!
Crianças sempre me fascinam :)
Psiu, sinto a sua falta ♥
ROMANCE CLANDESTINO
O menino, com sua mão frágil
No papel desenhou a floresta,
Desenhou a cabana,
E num repente ágil
Colocou dentro desta
A mais linda cigana.
Depois pintou um príncipe
Chamado de João,
Que lhe bateu à porta
Pedindo com brandura
Um pouco de água e pão,
E que ao ver a formosura
Se lhe prostra em oração.
« Levanta-te e entra »,
Lhe disse a cigana linda
« Pois te esperava e certa
Estava de ainda chegares
Antes de a tarde finda. »
Brilharam doces seus olhares
Para logo seus brilhos se apagarem.
« Mas senhora!, como poderei
Depois sair sem morrer
De saudade? »
E após se beijarem,
Cigana e filho de rei,
Nela entraram sem querer
Saber da dura verdade.
João ao palácio não quis
Jamais voltar até que seu pai
A todos ordenou encontrá-lo.
A seus exércitos diz:
« Tragam-no vivo e dai
A morte a quem tentou raptá-lo. »
Os soldados cumpridores
Batem montes,
Batem vales e rios,
Perguntam aos pastores,
Perscrutam horizontes
E inquirem doutores.
Sofrem os tempos de calores,
Calores e frios.
E é quando um dia
À volta da floresta se juntam
Como soubessem só poderem estar além
Que um velho guia
Informa os generais do rei
Haver nela dois amantes que andam
Felizes a brincar ao “ pai-e-mãe “
Sem se importarem com a lei.
Então, o menino pára.
“ Desenhar, para quê?... “
Se aqueles que ele tanto amara
Por sabê-los como seu pai e sua mãe,
Tão iguais para quem os vê,
Têm que vir a sofrer também
A imposição da corte e seus porquês
“ Como se foram Pedro e Inês... “
Se... Mas não! Não!!
Ninguém lhe iria levar a melhor!
E num gesto rápido e exigente
Pega na tesoura do papel.
Com ela vai ao desenho saído de sua mão
Com tanto carinho e calor,
E num corte lacrimoso e tremente
Retira à floresta a cabana
Em que estão o príncipe e a cigana
E corre a escondê-la no sótão.
O rei e seus generais
Percorrem a floresta de lés a lés;
Atiçam os cães, erguem os punhais,
Cansam os cavalos, ferem os pés.
Mas de nenhum têm sinal!
Nasce-lhes aos poucos a desilusão.
Corre-lhes a vida mais que mal,
E abrem as bocas de espanto: “ Onde estão!!...
Onde estão?!... “
Depois o menino, suspirou e sorriu.
Feliz, contente com seu feito
Segredou a si, em inocente jeito:
« Pschiu!... Ninguém viu. Ninguém viu!... »
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